- Diferente como? - Perguntei e me aproximei mais.
- Eu não sei, é tão verdadeiro, e é você mesmo, sinto que você é transparente, só você, sem nenhuma mascara. - Ela disse e eu abaixei a cabeça.)
...........
- Eu me sinto normal perto de você.
- E porque você não seria normal ? Pelo dinheiro? Se pensar por esse lado eu não sou norma também, e mesmo assim, ninguém é normal. E com certeza você está longe de ser normal. - Ela disse e riu.
- Porque ?
- Celular, lixo. Te lembram alguma coisa? - Ela perguntou e nós rimos. - Como eu passei de lagrimas para um sorriso tão rápido?
- Eu não sei, talvez esta aranha no seu cabelo seja a culpada. - Eu disse e ela ficou me olhando. - Porque você não gritou? balançou a cabeça, o cabelo, gritando "Tira, tira isso de mim? " - Eu disse e ela continuou me olhando com um olhar de "Hãn?" - A qual é, o susto da aranha sempre funciona.
- Eu moro em uma fazenda, já fui picada por muitas aranhas, não tenho medo disso. E eu sei muito bem que não tem nada em mim. - Ela disse e passou a mão no cabelo para checar.
- E do que você tem medo? - Perguntei me sentando de frente para ela, e ela virou de frente para mim também.
- Eu tenho medo de Leões, de levar uma cuspida de um macaco, de ser perseguida por um psicopata com uma faca na mão, tenho medo de levar um tiro no olho, de desmaiar no meio do mar e morrer afogada, eu tenho medo de muitas coisas.
- Nossa isso são coisas muito especificas, o que você tem contra a saliva dos macacos?
- Nada, é que uma vez eu sonhei que um macaco tinha me engolido, e eu estava na boca dele, e der repente a saliva dele começou a subir e estava tipo me "queimando", foi horrível. - Ela disse e eu ri.
- Belo motivo para odiar o cuspi dos macacos.
- Eu acho eles fofos, depende tem alguns que são...assustadores, tipo o macaco de tromba. - Ela disse e eu ri, ri, ri muito. - É sério, ele aparece nos piores dos meus pesadelos, foi ele que me engoliu, eu peguei trauma. - Mas do que você tem medo?
- Eu não sei, também tenho medo de ser perseguido por um psicopata com uma faca na mão, principalmente se o psicopata for parecido com um macaco que cuspiu no meu olho logo depois de matar um leão. - Eu disse e ela começou a rir, rir muito alto.
- Nossa. - Eu disse e ela começou a parar.
- O que foi?
- Você ri das minhas piadas, que milagre.
- Ninguém ri das suas piadas?
- Sim, mas na maior parte do tempo eles levam para o lado emocional.
- Oh, então tá. - Eu não acredito que você está brincando com os meus medos deste jeito senhor Justin Drew, eu te contei algo intimo, meus medos, meus pesadelos e você fica fazendo piadinhas? Não sei se posso mais confiar em você. - Ela disse séria, eu teria me assustado se não soubesse que ela estava brincando (Me assustei). - Como foi? Dramático o bastante?
- Você é uma ótima a traz. Eu quase sai gritando e chorando daqui agora. - Eu disse e ela riu.
- Eu iria adorar ver isso.
- Ahh é? Você iria gostar de me ver chorar? E iria me deixar ir embora, porque não foi isso que eu fiz com você, eu vim a traz de você , eu fui a traz de você no seu quarto e fiquei lá mesmo você não abrindo a porta, eu me preocupo quando as pessoas choram e não levo isso na brincadeira, nem tudo que falamos as pessoas levam na brincadeira, e isso não foi legal da sua parte. - Eu disse sério e me levantei.
- Fala sério Justin, isso foi ótimo mas chega de drama. - Ela disse rindo.
-Drama? Para você é drama? Olha eu vim aqui de boa, servir de um ombro amigo, mas estou percebendo que deveria ter ficado lá dentro, com o meu ombro amigo em baixo das cobertas. - Eu disse me virei e sai andando.
- Justin...Justin. Me desculpa, eu estou confusa, o que houve?. calma não vai embora. - Ela disse e segurou meu ombro. Me virei devagar.
- Te peguei. - Eu gritei e ela se sentou no chão aliviada.
- Cara, que susto, pensei que tinha dito algo mesmo, você me assustou. - Ela disse séria, depois olhou para mim e começou a rir.
- Ótimo ator. - Ela disse e me abraçou fazendo nossos corpos balançarem de um lado para o outro, um abraço verdadeiro, um abraço de alegria que fazia muito tempo que não recebia, um abraço com vontade e aconchegante como esse.
- Da que a pouco vai escurecer. - Ela disse olhando para a lua.
- Eu prefiro a noite do que o dia.
-Porque?
- Não sei, durante a noite é tudo tão tranquilo, e calmo. Eu gosto disso.
- Eu prefiro o dia. - Ela disse ainda olhando para a lua.
- Porque?
- Bem...eu posso ver borboletas lindas e coloridas voando nas flores, os cachorros correndo, o sol brilhando, e o mais importante, não tenho pesadelos. Mas na verdade eu prefiro o por do sol, a sombra do sol no lago, os pássaros voando, o céu meio alaranjado, e as vezes rosa. Não tem nada igual.
- Acho que concordo com você.
- Quer ver uma coisa? - Ela perguntou com um sorriso enorme
- O que?
- Venha. - Ela disse, segurou meu pulso e me puxou.
[...]
Lá no campo junto com os outros cachorros tinha um deles que se destacava. Um cachorro da raça Husky.
- Ele chegou aqui semana passada. Henry foi no canil e ele estava machucado, tinha sido encontrado no mar, e está prenha. Cuidamos dela, e estamos fazendo de tudo para que os filhotes estejam seguros, ela parece bem melhor agora. E já está se acostumando.
- Quem não se acostuma com todo esse amor, e espaço? E esses cuidados maravilhosos. Você trata todos como filhos e irmãos.
- Eles merecem. E se nós temos espaço e condições não custa nada.
- Quem começou com tudo isso?
-Meu pai e meu vô, meu vô era campeão em hipismo e comprou este terreno para poder cuidar dos cavalos, meu pai nasceu e ele era totalmente obcecado com peixes, então montaram o aquário, e assim foi indo.
- Então você puxou ao seu avô, com seu amor por cavalos.
-É eu acho que sim, meu avó sempre quis me ensinar o hipismo, proficionalmente, e eu realmente adoraria, mas minha mãe sempre achou muito perigoso.
- Eu adoraria aprender a andar de cavalo, ou pelo menos subir em um. - Eu disse sorrindo e olhando para os cachorros.
- Eu adoraria te ensinar. - Ela disse me olhando.
- Ohh não, não, eu não...eu não.
- Fala sério, vai amarelar?
- Não, é que ...
- Não vai me dizer que você tem medos de cavalos né?
- Não, é que eu...
- Então beleza, terça e quinta de manhã tudo bem? Você deve ser ocupado.
- Na verdade eu...
- Perfeito. Combinado. - Ela disse e me olhou com cara de sapeca.
- Tudo bem. - Eu disse (me rendi). - Mas você vai ter que jantar lá em casa hoje.
- Tem que ser hoje?
- Sim.
- Mas eu...
- Ain minha mãe vai adorar.
- Mas Justin...
- E aposto que ela deve estar preparando já, eu vou mandar uma mensagem.
- Não Justin...
- Pronto já mandei, agora não tem mais volta.
- Tudo bem...ain não acredito que você usou meu próprio jogo contra mim.
Continua...